terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

9º FINAL DE SEMANA DOS FARÓIS SULAMERICANOS



RELATO DA EXPEDIÇÃO ZV1M



Por Marcelo – PY1MT                                                                                                     
Nilópolis, 20 de fevereiro de 2017.



Olá turma! Após um fracasso no ano anterior tentando operar diretamente da praia do Abraão na Ilha Grande, resolvi retornar à Ilha Jurubaíba. Uma Ilha pequenina situada entre a Ilha da Marambaia e a praia de Muriqui, em Mangaratiba. Ilha pequena, sem energia, sem água, sem nada, apenas quatro casinhas, uma igreja, um farol e um paiol de barcos meio que abandonado e meio que bagunçado, que sempre sou autorizado a usar pelo dono, o pescador Tonho (tomara que ele não leia isso). Ele reside uns dias na ilha e outros no continente para venda do seu pescado.

Essa foi minha 3ª ida à Jurubaíba. Atualmente está difícil conseguir algum colega radioamador para participar de uma atividade dessa, pois são dias complicados sem tomar banho, comendo mal, dormindo pouco e mal em redes. Além das adversidades que espantam uma meia dúzia temos outra meia dúzia de radioamadores que tem seus problemas e agendas que impossibilitam de participarem. Não estou a reclamar, pois sei das responsabilidades de cada um e não podemos colocar nosso hobby na frente de trabalho e família, mas acabo me sentindo um solitário nessa atividade aqui na Baixada Fluminense, quiçá no Rio de Janeiro.

                Este ano estava previsto de me acompanhar o Maurício – PY1TI, mas na última semana foi escalado para ficar de plantão na sua empresa por causa da mudança do horário de verão. O indicativo dele já entrega...trabalha na área de TI....hihihihihi. Ele iria comigo para dar atenção especial aos modos digitais e eu faria fonia e cw, cada um com uma estação, mas não rolou.

                Gosto de preparar minhas tralhas com antecedência de uma semana pelo menos. Sou até criticado em casa por causa dessa minha mania para qualquer tipo de viagem. Tenho um check-list e vou marcando as coisas assim que entram na mala do carro ou numa das caixas de plástico para transporte que possuo. Meu setup basicamente foi um FT-897, uma fonte chaveada chinesa, um acoplador MFJ-993B, um notebook, um netbook (reserva) e diversas interfaces cat, cw, digitais....tudo com backup. A antena foi uma vertical VC-0680 e levei também uma G5RV e uma dipolo multi-banda, que já estavam na caixa para uso na estação digital, além de dois geradores honda  (1 EU10i e 1 EM1000F) e coisas pequenas como extensão, ferramentas, lâmpadas, adaptadores, fitas, etc.

                Para alimentação levei um pacote de pão de forma com recheio de maionese com sardinha.....hummmm....gosto muito disso. Levei também umas linguiças finas já fritas, biscoitos e uns chocolates. Gordo é um problema, poderia ficar sem propagação, mas sem comida não...kkkk. Também levei uma caixa térmica com 5 litros de água, 2 de refrigerante, e 1 litro de suco. O calor estava imenso e confesso que cheguei a começar a racionar a bebida, pois no fim da tarde de sábado já havia bebido o refrigerante e 2 litros de água. Fazia um calor imenso.

                Desde o início meu plano era de seguir os 75 km de Nilópolis até Itacuruçá na manhã de sábado e iniciar as transmissões no máximo ás 10h. Saí de casa 5:30h da manhã e cheguei lá bem rápido por causa do pouco transito para o horário. Como estava só, havia um problema pois teria que descarregar as tralhas na orla e estacionar o carro uns 2 ou 3 quarteirões pra dentro do bairro. E aí ? como fazer? Após descarregar avistei uma senhora grávida e perguntei se ela podia tomar conta das minhas coisas enquanto estacionava meu carro. Ela disse que sim, que seu marido estava também tentando achar uma vaga pro carro deles. Sei que fui, estacionei e voltei antes do marido dela....kkkk. Desafio maior foi conseguir um barqueiro pra atravessar naquele horário. Os caras iniciam o expediente sem gasolina e aguardam o posto abrir às 7:30h pra abastecer seus galões. O primeiro barqueiro que tentei contratar me cobrou apenas R$30 para levar a mim e as tralhas, mas foi abastecer e não voltou mais, creio que tenha se arrependido do preço baixo que me deu. Logo depois consegui um por R$50 e partimos pra ilha, chegando lá por volta de 8:30h já. Combinei  com o barqueiro que talvez voltasse no fim da tarde se minha atividade não se desenvolvesse a contento...nem tentei explicar pro cara o qual seria minha atividade na ilha, pois ele já havia colocado as varetas da vertical no barco chamando de varas de pesca. Então melhor ficar calado kkk.

                Após uns 15 minutos, visto que a Ilha Jurubaíba não é tão longe assim e esses barquinhos de fibra são rápidos, cheguei ao paraíso, um lugar onde não há interferência na RF e nem no operador. É só rádio e mais rádio! Para descarregar as tralhas é preciso um pouco de cuidado pois não há areia e o barco sobe um pouco sobre uma rampa de pedra e concreto em frente ao paiol onde será instalada a estação. Qualquer descuido e um escorregão acaba com a diversão. Após o desembarque instalei a antena vertical VC0680 nas pedras, distante 12 metros da estação. Justamente o tamanho do cabo RGC213 que levei. Mastro de 1m encaixado entre as pedras e 3 tirantes no meio da antena são o suficiente para deixá-la firme. Numa mesa de ferro, destas de bar, ficaram o notebook na esquerda e o FT-897 em cima do acoplador na direita. Ciente que a antena não precisa de acoplamento, mas o acoplador MFJ 993-B serve também como chave de antenas, pois tem duas entradas de antena e serve também como instrumento de medição para a roe e pwr.

                Logo no início das transmissões recebi a visita de 3 filhos do pescador Tonho e tive que abandonar um pequeno pile-up para dar uma breve explicação àqueles meninos que não entendiam nada dos calls e five nines que eu exclamava. Sempre levo alguns brindes quando saio para field days, principalmente em locais desconhecidos, pois é sempre bom deixar uma boa impressão, fazendo a política da boa vizinhança e deixar tudo como estava antes ou melhor e garantir um possível retorno ao local. Então, além da explicação sobre o que eu fazia ali, os meninos também ganharam alguns chocolates e adesivos da Casa do Radioamador de Nilópolis. A propaganda é a alma do negócio!

                Logo no início aproveitei a ajuda valiosa do Fábio – PY1ZV para ajustar a minha transmissão, pois como falei lá no início tive um fracasso anterior no IOTA 2016 iniciado pelo microfone desregulado. Atualmente uso um headset Frankstein que resume-se à uma carcaça David Clark, alto falantes Heil e um microfone de eletreto. Já havia feito testes anteriores em casa, mas faltava o ajuste no campo. Tudo 100% taca-lhe pau no CQ, foi quando Lá para o meio-dia percebi uma alteração, a roe subia e consequentemente a potência caía, e isso no meio dos qsos trazendo imenso transtorno e me fazendo parar algumas vezes para tentar descobrir a causa. Desmontei e remontei a antena, troquei o cabo, troquei o cabo que ligava o rádio ao acoplador, retirei o acoplador e em todas as tentativas obtive um sucesso momentâneo que logo após acabava retornando o problema. Depois de algum tempo e quase partindo para a montagem da G5RV pois comecei a desconfiar que a pane seria do rádio, descobri a causa. Abrindo a caixa plástica na base da antena vi que o parafuso que sai dos toróides para a vara de alumínio estava frouxo, possivelmente devido ao transporte ou apenas Mr. Murph se fazendo presente. Um torque a mais no parafuso e problema resolvido. Aproveitei para deixar a tampa aberta pois a capa termo retrátil dos toróides chegava amolecer com o uso contínuo.

                Agora vem a cereja do bolo, ou melhor a pedra no sapato. Após estas interrupções resolvi instalar a G5RV que seria para uso do Maurício – PY1TI na estação dedicada a modos digitais. Então subi o morrinho acima das pedras em direção ao Farol para jogar uma marimba numa amendoeira e poder atravessar uma cordinha e poder içar o centro da antena. Após umas 5 tentativas frustradas e perder a pedra que arremessava, tudo isso debaixo de um sol escaldante e no meio do matagal, achei um galho grosso e amarrei-o na cordinha e decidi arremessar com toda a minha força e raiva que já estava naquele momento. Só esqueci de avisar isso ao meu joelho esquerdo que já havia passado por uma cirurgia de retirada de menisco e uma reconstrução ligamentar anos antes. O pior aconteceu. Meu joelho saiu do lugar lateralmente e a dor foi imensa, muito grande, seguida do desespero de saber como sairia da ilha após uma luxação no joelho e provável lesão na antiga reconstrução do LCA (ligamento cruzado anterior). Passado o susto e ter conseguido ficar em pé, abandonei as cordinhas e G5RV pra lá e fui descendo de forma bem lenta o tal morro pedindo a Deus para que meu joelho não saísse do lugar novamente. Consegui descer com alguns percalços e sustos e voltei a estação e iniciei a colocação de gelo, que havia na caixa térmica, no joelho dolorido e começando a inchar. Depois de um certo tempo agradeci a Deus, pois poderia ser pior. Imaginem um infarto sozinho na ilha. Depois de alguns minutos peguei umas ataduras (santo kit de 1ºs socorros), enrolei no joelho para dar mais estabilidade, tomei 2 dipironas e acabei me acalmando e retornando ao CQ. Já estava ali mesmo, tudo instalado, sentado de frente pro rádio....só me restava aguardar a evolução da lesão e enquanto isso toma-lhe CQ LH CQ LH ZV1M !

                No final da tarde parecia ter o quadro estabilizado e cheguei a tomar a decisão de seguir com o planejado e passar a noite na ilha, pois queria aproveitar o turno da noite nas bandas baixas que andavam com a propagação em alta durante a semana, mas o meu joelho de vidro parecia ter vida...kkk...ele estava quente e pulsando! Isso aliado ao fato de estar com um ruído imenso em 80m (vertical) e zero chance de usar a G5RV resolvi desistir do meu reality show rsrsrs e chamar a produção, ou seja, decidi abortar e voltar pra casa, isso às 20:40h PT2. Tomada a decisão liguei para o barqueiro que me trouxe e iniciei a desmontagem lenta e cuidadosa de toda parafernalha. Com a chegada do barqueiro contei a ele o ocorrido e que estava meio “pitimbado” e o mesmo prontamente se ofereceu a ajudar, carregando tudo sozinho para o barco e juntar outras coisas. Eu fiquei feliz pela ajuda e ele feliz pela caixinha que recebeu no retorno ao continente e acomodação das coisas no carro, que fui buscar vagarosamente.

                É isso galera. Assim foi meu longo sábado no 9º Final de Semana dos Faróis Sulamericanos. Foram duzentos e poucos contatos, muito DX e alguns países raros para o nosso dia a dia de DX em nossos QTHs.

                Hoje já é segunda-feira e continuo com o joelho inchado, instabilidade para andar e após consulta ao ortopedista ficou constatado que a possibilidade de uma lesão da reconstrução do LCA é quase certa e a ser confirmada após exame de ressonância magnética.

                Eis a minha dúvida: será que no IOTA em julho eu já estarei bem ?

Sei que eu brado: JURUBAÍBA qualquer dia tamo aê !

DESEMBARQUE DAS TRALHAS NA PRAIA DE ITACURUÇÁ



NA PROA DA ILHA JURUBAÍBA









BRA-225

FAROL BRA-225



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Apenas uma historinha

A História dos 3 porquinhos, contada por um radioamador.

                                                                                                                                                                             Adaptada por Carlos Alberto – PY4XX.


Estava o vovô radioamador jantando, e olhando para o relógio, pensou : - 23:00h UTC, está quase na hora de começar o CQWW.

  Apaixonado que é por concursos, o vovô radioamador estava ansioso. Afinal de contas, o CQWW é um dos melhores concursos de radioamadorismo.

Quando se preparava para subir para o shack, seus 3 netinhos vieram até ele e com a carinha que os netinhos sabem fazer, quando querem algo dos vovôs, pediram: - Vovô, conta uma historinha pra nós “durmir” ?

  O vovô radioamador, amoroso que é com seus netinhos, de pronto pegou os netinhos e os levou para o quarto, deitou-os em suas camas, e começou:

Era uma vez, 3 porquinhos. 
Um era CLASSE C, o outro CLASSE B e outro CLASSE A.

  O classe C, achando que era um Radioamador (com R maiúsculo) acreditava que não tinha nada a aprender, que ele já era o tal e se meteu , montar sua estação.

  O classe B, já tinha um pouco mais de tempo no radioamadorismo, o que já o fez receber algumas dicas e se meteu a melhorar sua estação, baseado nas respostas decoradas da prova de eletricidade que realizou, acreditando com isto, que já era um verdadeiro técnico em eletrônica.

  O classe A, já calejado que era no rádio, pois era de uma época em que o radioamadorismo era levado mais à sério, montou sua estação, baseando-se em experiências positivas e negativas de outros radioamadores.

  Um belo dia, estava o porquinho classe C em sua estação, quando de repente, apareceu o lobo MURPH.  
Mau sujeito, este lobo MURPH não gostava de radioamadores e sabendo que naquela casa tinha uma estação, começou a soprar, a berrar que acabaria com a estação do porquinho classe C. 
Com o vendaval que o lobo MURPH aprontou, a anteninha dipolo, suspensa por uma vara de bambu de 5 metros de altura, se quebrou e a dipolinho foi cair justamente na rede elétrica ao lado da casa, causando assim uma grande explosão no radio do porquinho classe C, pegando fogo no shack.
Mais que depressa o porquinho classe C saiu de casa correndo e foi se abrigar no shack do porquinho classe B.

O porquinho classe B, todo tranquilo, falou com o porquinho classe C: - Deixa este lobo vir.

  E o lobo MURPH chegou na casa do porquinho classe B. E começou a soprar e a berrar que destruiria a estação do porquinho classe B.

O porquinho classe B, havia ouvido falar de uma tal torre autoportante, e instalou uma pra ele, só que sem uma boa fundação, o lobo MURPH soprou tanto, que a torre tombou, e com isso, saiu arrastando o rádio da mesa do shack, quebrando todo, e ainda por cima, não calculou direito o ângulo de descida da torre, que foi cair em cima do telhado do vizinho, causando o maior prejuízo.
Horrorizado com o acontecido, os dois porquinhos saíram correndo para a casa do porquinho classe A.

  Quando estava melhorando sua estação, o porquinho classe A assistiu às palestras sobre aterramentos, fazendo o melhor aterramento possível, ao montar sua torre, perguntou a muitos radioamadores sobre dicas, e também à uma empresa Ouro Grosso. Assim, ele fez uma excelente fundação, e ergueu uma torre de 25 m com 4 quadribanda com stacks, um rotor de boa qualidade, para que o lobo MURPH não conseguisse moer as engrenagens com seus sopros, e também, fez um seguro residencial com cobertura de danos a terceiros.

  Quando o lobo MURPH chegou e começou a soprar, quanto mais ele soprava, mais desesperado ficava, pois nada acontecia, até que o lobo MURPH desistiu e foi embora.

  E os porquinhos classe B e C aprenderam de uma forma muito triste, que para ser um Radioamador (com R maiúsculo), tinha que estudar mais a respeito do radioamadorismo e sobre os acessórios a ele inerentes.

  E assim acabou a historinha.

  Quando o vovô radioamador olha para seus 3 netinhos, ele exclama:
- PIPOCAS já estão dormindo!!!…

        Mais que depressa, o vovô radioamador olha no relógio e vê que são 23:57h UTC. Corre para o shack, liga o rádio, e começa a chamar:

- CQ CONTEST, CQ CONTEST…


--
Carlos Alberto

                                                          PY4XX - PT4C - PX4X - PT4T                                   
      
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

9° Final de Semana dos Faróis Sulamericanos

         Acontecerá nos dia 17, 18 e 19 de fevereiro o 9° Final de Semana dos Faróis Sulamericanos e a CRAN ativará o Farol da Ilha Jurubaíba SA-029 BRA-225. Usaremos o indicativo especial ZV1M e vamos operar em SSB, CW, PSK31 e JT65, somente durante o sábado, dia 18