CASA DO RADIOAMADOR DE NILÓPOLIS
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sábado, 24 de março de 2018
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
DXPEDITION RIO AMAZONAS - ZZ8A/MM
Eu sempre gostei de operar
portátil e vi nessa rota fluvial entre Manaus-AM e Belém-PA a possibilidade de
fazer algo desafiante em termos de viagem de férias juntamente com o nosso
hobby. Então resolvi e vinha planejando a mais de um ano esta viagem para a Região
Amazônica.
Não
posso prosseguir sem antes agradecer o apoio do Pará DX Group, que na figura do
Renato – PY8WW me apoiou no planejamento, na divulgação e também durante a
viagem. Desde que anunciei a expedição
vários radioamadores de Manaus se colocaram à minha disposição para me ajudar
com transporte ou qualquer outra necessidade que houvesse antes do meu
embarque. Na chegada em Belém não tenho nem como agradecer a receptividade e
cordialidade dos amigos que fiz naquela cidade. Muito obrigados aos amigos de
Manaus e Belém. Quando vierem ao Rio de Janeiro contem comigo.
Vamos
aos assuntos de rádio. Inicialmente eu e Renato iniciamos as discussões sobre
qual indicativo eu usaria e a princípio seria PY8/PY1MT/MM. Seria um indicativo
de chamada muito longo, que apesar de não ter a necessidade de tanta rapidez
descobri que esse call gigante me atrapalharia para operar em FT8. Então
resolvi aceitar a ideia inicial do Renato e solicitar um indicativo especial junto à ANATEL. A autorização veio rápida,
apesar dos percalços naturais e explicações diversas junto aos funcionários da
agência RJ, que mesmo com um pedido não muito corriqueiro autorizou em menos de
uma semana. Pronto! ZZ8A apta a entrar no ar.
Depois
veio a dúvida se o correto seria operar /MF, /MM, /P, etc. Uma consulta rápida
ao nosso amigo Cláudio PY2KP e a orientação foi que o correto seria operar /MM.
Agradecimentos também ao Claudio pela presteza e cordialidade. Esse assunto
chegou a gerar discussões calorosas no grupo do WhatsApp do Pará Dx, inclusive
sobre quem eu havia consultado sobre o assunto na ARRL. Sem ressentimentos,
vida que segue.
Depois
de compradas as passagens aéreas para eu e minha esposa (Regina –PU1JYB) fiz
contato com a empresa de navegação AR transporte, que é a proprietária do Navio
Amazon Star e falei sucintamente sobre a minha intenção de instalar um rádio no
navio e vir fazendo contatos pelo caminho. Sabemos como é difícil explicar
sobre nossa atividade para quem é leigo e se falarmos demais às vezes podemos
complicar o que está fácil.
Nosso
vôo chegou em Manaus no sábado a noite e no domingo pela manhã já estava
aproveitando uma feira de artesanato e comidas típicas que acontece aos
domingos pela manhã bem no centro da cidade. O hotel em que fiquei era simples (Hotel
São Paulo) e fora escolhido, pois aos
ver as fotos vi a possibilidade de instalar uma antena e começar operando uns
dois dias antes do embarque no navio, mas não rolou porque acabei reclamando do
ar condicionado que não funcionava a contento, trocando de quarto e acabei
desistindo da empreitada por não notar a receptividade para tal pleito após
minha reclamação do ar condicionado.
O
setup usado na estação foi um rádio YAESU FT-897 com acoplador FC-30, uma fonte
chaveada, uma antena vertical multibanda VC-0680, uma dipolo linked de 40m a
10m, uma G5RV, uma mesa dobrável e um netbook. Levei backup pra tudo, menos
para o rádio, pois seria complicado viajar tantos quilômetros e ficar a pé por
causa de uma interface de cw, interface de áudio, fonte, etc. Para o transporte
e despacho aéreo da vertical eu construí um case de tubo de pvc de 150mm com
duas tampas, que além da antena vertical levou também dois tubos de alumínio para
emendar e fazer um pequeno mastro (foi muito útil) e dento do tubo também couberam
tralhas como extensão, cabos coaxiais, cordinhas, etc.
Na
segunda-feira (6) fui à agência pagar os 50% restantes da passagem do barco e
expliquei melhor sobre o equipamento que ia usar e me comprometendo a não dar
interferência nos equipamentos do barco (um sonar, um gps e alguns vhf
marítimos). Ok tudo autorizado para montagem após a partida na quarta-feira dia
8.
Na
quarta-feira (8) embarcamos logo cedo na esperança de montar a estação e
antenas logo após o embarque, mas só consegui mesmo montar a estação dentro da
pequena cabine, que apesar de pequena era limpa com um beliche com colchoes e travesseiros
confortáveis e com um Split que dava conta e transformava a cabine num inverno
europeu em relação ao clima do lado de fora e um frigobar (e dá-lhe beber água
e cerveja rsrsrs). O barco zarpou ao meio dia e a tripulação trabalha muito na
partida e fica difícil você conseguir acesso ao gerente. Esse é o cara, o
gerente. O nome dele era Noel e era o cara que comandava o barco. Então fui procurá-lo
no escritório dentro do barco e já segui municiado com uma caneca de porcelana
personalizada da ZZ8A e alguns brindes para azeitar nossa conversa. Tudo beleza
e pronto para subir no teto do barco pra instalar duas antenas, a vertical e a
dipolo, mas nada de eu achar o tal marinheiro Guilherme que era o cara que
poderia instalar a pesada escada na área externa na popa para acesso à parte
superior do navio. Às vezes não sei se era navio ou se era barco. Era pequeno
para um navio e grande para um barco, mas parecia bem seguro. Na verdade é um
ferry boat. Vou continuar chamando de barco, pois é mais coloquial, mais
simples. Permitam-me. Já caminhávamos pro final da tarde e nada do tal
marinheiro, daí já com autorização do comandante Noel resolvi instalar a
vertical multibanda bem na varanda em frente à porta da minha cabine e fiz um
chocke na base dela na intenção de prevenir algum retorno de rf, devido à
proximidade do meu rádio e da cabine de comando que era colada na minha cabine
e eu não podia começar nada de forma a dar algum tipo de interferência e logo
após instalar a vertical comecei já ao anoitecer de quarta a fazer contatos em
15m FT8, com apenas 20w para garantir o inicio da parte efetiva de rádio da
viagem.
Na
manhã seguinte (quinta dia 9) tive problemas de com interferência na minha rx e
tx, causados aparentemente por um mau contato que não descobri. Sem pestanejar
cassei o marinheiro Guilherme que enfim me ajudou na colocação da escada para
acessar o teto do navio para instalar a dipolo linked, que pra quem não conhece
é uma dipolo pra 40m com secções para 20, 15 e 10m. Muito mais trabalhosa a
mudança de banda pelo fato de ter que subir no teto do barco, arriar a antena e
fazer ou desfazer as conexões. Mas Mr. Murphy não é um cara fácil de se
desvencilhar e como a antena dipolo não estava alta e sem choque passou a
desarmar minha porta COM, desabilitando consecutivamente minha interface de CW
e me trazendo desconforto até a identificação da pane à baixa altura, como
falamos na aviação. Apesar destas panes recorrentes terem me irritado muito eu
abria uma latinha de cerveja e saia um pouco da cabine para movimentar o
esqueleto e aproveitar a paisagem linda do imenso Rio Amazonas.
O
movimento nos corredores laterais em frente às cabines é muito intenso e só
pude mexer na vertical na noite anterior e após um reaperto na ligação entre a
saída do fio dos toróides e o tubo de alumínio irradiante, tudo voltou a funcionar direito. Creio que o
parafuso possa ter afrouxado devido ao transporte, vibração, etc. Também tirei
a tampa e a fita termo retrátil que envolvia os toróides, na intensão de
aproveitar o vento sempre forte pra refrigerá-los precavendo-me de um possível
aquecimento nos mesmos.
Em
todas as noites fiz chamados em CW na banda de 6m, mas infelizmente não obtive
sucesso. Em 40m era impressionante a quantidade de bate papo de americanos em
fonia, pareciam estações locais, tamanho o sinal das estações. Uma coisa era
certa, se você chamasse em CW ou fonia e não obtivesse o retorno desejado era
só partir pra FT8. 20m e 15m ficavam lotados grande parte do dia em FT8. Fiz
muitos contatos nesse modo, mas não há prazer maior em operar CW com um certo
pile up. Isso sim é “fazer rádio”. CW é muito bom. No final colocarei as
estatísticas.
Na
sexta-feira (10), pela manhã, recebi um zap de um amigo da Força Aérea para
tentar um contato numa QRG fora da banda de radioamador e fui atendê-lo. Pra
quem não sabe sou suboficial da FAB e seria um contato com um Esquadrão no Rio
de Janeiro e o acoplador não sintonizava a QRG solicitada e mesmo assim tentei,
pois a antena que estava conectada era a dipolo e durante a conversa o rádio deu um reset,
devido ao retorno de RF e foi para os padrões de fábrica. O QSO foi feito, um
lado com 20kw de potência e eu com 100 watinhos, mas eu havia ali perdido a
equalização previa do meu headset Yamaha,
junto com o menu do rádio. Mr. Murphy é sinistro ! Depois disso abandonei a
dipolo e fui de vertical. Nessa manhã estávamos atracados em Santarém. Nessa cidade
o barco atraca por um tempo maior e é permitido que você desembarque para
conhecer a cidade. Ali fomos recebidos pelo Jorge PY8JL, que nos brindou com um
passeio pelos pontos principais da cidade. Eu e minha esposa ficamos muito
felizes pela gentileza e cordialidade do Jorge. Um abraço meu amigo !
Ia
me esquecendo. Na parada anterior, na cidade de Óbidos há uma fiscalização enorme
da Marinha do Brasil, da Polícia Federal, Secretaria de Fazenda e Guarda
Municipal. Os gringos, que eram muitos na viagem são convidados a mostrar o passaporte,
quem acompanha criança mostra a documentação. Na minha cabine apenas um militar
da MB deu uma olhada e não me pediram documentação
alguma. Tudo tranquilo pois estávamos com licença, COER, etc...
Praticamente
todos os dias eu só fazia rádio na parte da tarde em diante. Na sexta
aproveitei uma boa sequência, mas uma escolha errada de QRG me impossibilitou
de operar split com o aumento de estações, pois havia uma expedição 3Khz acima.
Daí, fui tentar outra QRG e o pileup se foi. Fica o aprendizado.
No
sábado (11) eu tinha o dia todo pra rádio. Antena vertical ok, porta COM ok e
toma-lhe a fazer dx em 20m CW, até que começou um conteste europeu e fui
envolvido pelos chamados de TEST. Era a minha sina de não render bem pelas
manhãs durante a viagem. Como não havia mais a possibilidade de fazer fonia,
devido ao microfone do headset ter desconfigurado, passei a tarde em CW e enchi
o log de brazucas em 20m, finalizando a dxpedition com 652 QSO. Poderiam ser
mais se não fossem as panes e percalços, mas só tenho a comemorar pela
experiência adquirida, pelas pessoas que conheci e pelas paisagens que vi
durante esta viagem nos 1600km percorridos no Rio Amazonas. Agradeço a Deus por
nos proteger, a minha esposa Regina PU1JYB por aceitar a proposta e me ajudar
durante a viagem, a todos os colegas que fizeram contato com a ZZ8A/MM e a
todos que de alguma maneira colaboraram e ficaram na torcida para que tudo
desse certo. Muito obrigado e até a próxima.
Rio de Janeiro, 17 de
novembro de 2017.
Marcelo – PY1MT
QSL CARD |
EMBARQUE |
COMPRANDO ALMOÇO DO 1º DIA NO PORTO DE MANAUS |
REGINA E MARCELO |
SCHAK APERTADO |
DIPOLO |
TETO DO BARCO |
VERTICAL |
EM SANTARÉM COM O JORGE PY8JL |
MERCADO VER-O-PESO EM BELÉM |
RENATO, BIANCA, REGINA E MARCELO NA ORLA DE ICOARACI |
VISITA DO JORGE Á CABINE |
CONFRATERNIZAÇÃO COM PARÁ DX GROUP |
CONFRATERNIZAÇÃO COM PARÁ DX GROUP |
Encontro da águas - Rio negro e Solimões |
Estreito de Breves |
Orla de Santarém |
Comércio de ambulantes nas paradas do barco |
CONFRATERNIZAÇÃO COM PARÁ DX GROUP |
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